Kassab quer vender até praça na Mooca
sexta-feira, 8 de julho de 2011A Praça Alfredo Di Cunto, no bairro Mooca, zona leste de São Paulo, está com os dias contados. O terreno de 6 mil metros quadrados, na Avenida Alcântara Machado, é uma das 20 áreas municipais que a Prefeitura pretende vender para a iniciativa privada em troca da construção de creches. O terreno foi avaliado pela Secretaria de Finanças em R$ 4,3 milhões.
Ontem, a alienação de oito dessas áreas foi oficializada por meio de leis sancionadas pelo prefeito Gilberto Kassab (sem partido) e publicadas no Diário Oficial da Cidade. Entre elas, a permissão de venda do quarteirão do Itaim-Bibi e da praça da Mooca. Os oito imóveis foram avaliados em R$ 100,8 milhões – a avaliação teve como referência o valor venal, bem abaixo dos preços de mercado.
Além da praça, outro terreno na Mooca, onde funciona um depósito da Prefeitura, com cerca de 15 mil metros quadrados, também foi incluído no projeto.
A Associação Amoamooca é contra o projeto e defende que o local seja preservado como um pequeno reduto de área verde que restou na região. “Parte do terreno poderia ser usada como praça de eventos”, diz o primeiro-secretário, Pedro Felice Perduca. Segundo ele, o bairro tem uma grande concentração de idosos e poucas opções de lazer. “Agora o prefeito quer retirar um dos poucos espaços que sobraram para montar um parque e centro de convivência para a terceira idade.”
Em ofício enviado ao presidente da Câmara Municipal, José Police Neto (sem partido), Kassab alega que o terreno não é usado pela administração e sua “valorização imobiliária é incontestável, em virtude do desenvolvimento e da urbanização da região”. Mas, desde fevereiro, a praça é ocupada por uma escola-estufa, com aulas práticas de agricultura e paisagismo.
Ex-subprefeito da Mooca, o atual presidente do PSDB no bairro, Eduardo Odloak, disse que a venda do terreno pode acabar com o projeto social. “Ali era uma área degradada e ajudamos a transformá-la em área verde.” Segundo ele, a Mooca é carente de áreas verdes e não pode ter mais concreto.
Durante a administração Marta Suplicy (2001-2004), o local funcionou como horta comunitária. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento não se pronunciou.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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