Delegado manda investigar crime de racismo em shopping na Mooca
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012O delegado geral Marcos Carneiro Lima determinou que a Polícia Civil investigue se o jornalista José Rodolfo Pereira, 26 anos, foi vítima de racismo ao ser expulso de uma sala de cinema no Mooca Plaza Shopping, Zona Leste de SP, no sábado.
José foi surpreendido por um funcionário do cinema alegando ter recebido uma denúncia de que o jornalista estava se masturbando na sessão. Minutos depois, o gerente voltou a procurá-lo e comunicou que ele não poderia mais ficar ali.
Segundo os funcionários, a queixa foi feita por uma mulher que estava ao lado de José. O jornalista conta que a água e a pipoca dela caíram e ele colocou de volta no lugar. “E foi só. Nem olhei para o rosto dela”, diz José.
O shopping não permitiu que José argumentasse. Ninguém levou em consideração o fato de a calça dele estar no lugar e nenhuma testemunha do possível ato obsceno ter sido chamada. Também não informaram o nome da mulher que supostamente fez a denúncia ou chamaram a polícia para formalizar a acusação.
O jornalista conta que a indignação foi tanta que ele preferiu ir embora para evitar mais constrangimento. O dinheiro do ingresso foi devolvido. Negro, o rapaz encontra na cor de sua pele a única justificativa para o que aconteceu. “Eu nunca coloquei isso à frente de qualquer coisa na minha vida, mas está claro que fui vítima de preconceito. Um racismo velado”, disse.
No caminho de casa, José foi até o 26º DP (Sacomã), onde foi informado que não poderia registrar o caso sem fornecer o nome dos seguranças que o expulsaram. No 18º DP (Alto da Mooca), ele fez um boletim de ocorrência de natureza não criminal e foi orientado a procurar um advogado.
Para Hédio Silva Júnior, ex-secretário estadual de Justiça, José foi vítima do shopping e da polícia, que não deu atenção para o caso. “Não precisa dizer que ele foi expulso porque é negro. Isso é óbvio”, opina.
Ao ser informado pela reportagem sobre o ocorrido, o delegado geral admitiu a falha da polícia e determinou instauração de inquérito policial. “Nossa obrigação é investigar. Foi uma atitude lamentável”, disse.
A reportagem procurou os responsáveis pelo Mooca Plaza Shopping durante toda a tarde de ontem e foi informada de que o expediente administrativo funciona só de segunda a sexta.
Fonte: Diário de S. Paulo