Professor de boxe ensina moradores de rua da Mooca
quarta-feira, 19 de junho de 2013Em 2004, o ex-pugilista Nilson Garrido voltava do emprego como segurança em um prédio do centro quando encontrou um menino de 9 anos caído e machucado no Vale do Anhangabaú. Morador de rua, o menor era usuário de cola. No caminho para o hospital, Garrido contou a ele sua trajetória no boxe, que incluiu a participação em vários torneios amadores na capital entre 1988 e 1996.
Combinaram um encontro na manhã seguinte, sob o Viaduto do Chá, para treinar os movimentos básicos do esporte. O tal garoto apareceu acompanhado de oito amigos e, até o fim do dia, outros quarenta aprendizes haviam se juntado ao grupo. Apenas no primeiro mês, a academia improvisada atraiu cerca de 750 pessoas,entre desabrigados, dependentes químicos e menores abandonados.
A movimentação chamou a atenção da prefeitura de São Paulo, que em 2006 cedeu o vão do Viaduto do Café, no Bixiga. O espaço, antes tomado por lixo, ganhou uma limpeza. Geladeiras quebradas, pneus e computadores velhos foram improvisados como sacos de pancada e equipamentos de musculação. Com a ajudavoluntária da enfermeira Corine Batista, nascia ali o projeto Cora-Garrido.
Em nove anos,45 mil pessoas participaram das aulas, quehoje são dadas nos viadutos do Glicério, nocentro, e Alcântara Machado, no bairro da Mooca, onde Garrido mora com o filho Fábio, de 33 anos,e o pupilo Fernando Menoncello, de 31, ex usuário de drogas que perambulava pelo bairro, além de dez cachorros — entre eles o fiel escudeiro Negão.
Treinando dez horas por dia há quatro meses, Menoncello é considerado uma promessa pelo professor. “Acho que ele tem chance de conseguir vaga na próxima Olimpíada”, acredita Garrido. “É a prova de que não precisamos de ‘bolsa-crack’,mas de uma bolsa para craques no esporte no bairro da Mooca.”Hoje, os dois locais recebem juntos 500alunos por dia.
Além das doações de materiais, o projeto é sustentado com dinheiro arrecadado pelo trio em serviços como lavagem de carros da vizinhança. De olho no futuro, Garrido construiu uma maquete — que exibe orgulhoso sob o viaduto — para ilustrar o que sonha ser a evolução de sua proposta: um espaço com academia de artes marciais, cinema,creche e playground para crianças de rua Emáreas hoje degradadas. “Viaduto e gente pobre tem em todo lugar, só falta a vontade de querer mudar as coisas”, afirma.
Fonte: Portal Veja
Mais notícias sobre a Mooca:
- Subprefeitura fará vistoria no terreno da Mooca
- Usuários do Centro de Convivência Mooca visitam o Museu do Futebol
- Subprefeitura da Mooca realiza fiscalizações em combate à publicidade irregular
- Mooca Plaza Shopping tem parque inspirado em Angry Birds durante as férias
- Creas Mooca já atendeu 52 casos apenas no primeiro mês de funcionamento